sábado, 30 de abril de 2011

O rapaz do pijama às riscas, de John Boyne

Sinopse: As barreiras podem dividir-nos, mas a esperança vai unir-nos.

Bruno, de nove anos, nada sabe sobre a Solução Final e o Holocasto. Ele não tem consciência das terríveis crueldades que são infligidas pelo seu país a vários milhões de pessoas de outros países da Europa. Tudo o que ele sabe é que teve de se mudar de uma confortável mansão em Berlim para uma casa numa zona desérica, onde não há nada para fazer nem ninguém com quem brincar. Isto até ele conhecer Shmuel, um rapaz que vive do outro lado da vedação de arame que delimita a sua casa e que, estranhamente, tal como todas as outras pessoas daquele lado, usa o que parece ser um pijama às riscas. A amizade com Shmuel vai levar Bruno da doce inocência à brutal revelação. E ao descobrir aquilo de que, involuntariamente, também ele faz parte, Bruno vai, inevitavelmente, ver-se enredado nesse monstruoso processo.

A Minha Opinião: Depois de ouvir opiniões tão boas sobre este livro e de já saber em linhas gerais do que se tratava, pensei que iria ler algo maravilhoso, porém, fiquei ligeiramene decepcionada.

A história do livro é, no entanto como me disseram, belíssima. Bruno, um rapaz alemão de 9 anos, muda-se de Berlim para o local de um campo de concentração onde conhece Schmuel, um rapaz judeu que lá se encontrava. Separados por uma rede, os dois vão iniciar uma forte amizade e falar sobre o que os afligia, com uma simplicidade que provoca nos leitores uma reflexão sobre a injustiça do holocausto. Bruno não compreende muito daquilo que se está a passar à sua volta, pelo contrário nós, leitores, percebemos.

Este pequeno livro encerra uma poderosa mensagem através de uma história simples e uma linguagem quase infantil. Talvez pela sua simplicidade, é capaz de arrancar sorrisos e lágrimas a leitores de qualquer idade, porque, no fundo, a perspectiva de uma criança inocente sobre a injustiça que o seu amigo judeu sofre é comovente e enternecedora.

No entanto, não gostei mesmo nada de Bruno, o miúdo alemão. Certamente que o autor o fez parecer como uma criança ingénua e com os defeitos que crianças de 9 anos têm, mas o livro era mais centrado nas acções de Bruno do que no seu amigo Schmuel que, pelas suas qualidades e, de certa forma, maturidade, me fizeram gostar muito dele. Acho que por isso o livro nunca chegou a atingir o nível de maturidade que eu estava à espera, ainda que este ponto esteja mais relacionado com as minhas expectativas do que com outra coisa qualquer.

Apesar de tudo, é um bom livro que tem a capacidade de agarrar o leitor desde o início. Li-o só de uma vez, mas quando o pousei, reli o final. Para mim, foi a melhor parte.

Classificação: 7/10 - Bom


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Feira do Livro de Lisboa 2011

Caros leitores,

o evento pelo qual ansiosamente esperamos durante todo o ano - a feira do livro - finalmente chegou! Os livros voltam ao Parque Eduardo VII já amanhã, dia 28 de Abril.

O horário da feira, disponibilizado no site, é o seguinte:

Segunda a quinta - 12.30 às 23.00
Sexta - 12.00 às 24.00
Sábado - 11.00 às 24.00
Domingo - 11.00 às 23.00

À semelhança do ano passado, haverá uma Happy Hour - a Hora H - de segunda a quinta, das 22 00 h às 23 00 h. Nesta altura, os livros com mais de 18 meses terão 50 % de desconto nas editoras que aderirem. É uma excelente iniciativa, encontram-se muito bons títulos a preços tentadores! Porém, sugiro que venham um pouco antes e confirmem a data de edição dos livros.

O evento durará até dia 15 de Maio.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O Décimo Terceiro Conto, de Diane Setterfield

Sinopse: Vida Winter passou quase seis décadas a iludir jornalistas e admiradores acerca das suas origens, mantendo oculto o seu passado enigmático, tão enigmático como a sua primeira obra, intitulada Treze Contos de Mudança e Desespero, e que continha apenas doze. Porém, tudo isto pode estar prestes a mudar quando Margaret Lea, biógrafa amadora, recebe uma carta da famosa escritora convidando-a a redigir a sua biografia. Pela primeira vez, Vida Winter vai contar a verdade, a verdade acerca de uma família atormentada por segredos e cicatrizes. Mas poderá Margaret confiar totalmente nela? E terá sido ela eleita depositária das confidências por um motivo inocente?

A Minha Opinião: O Décimo Terceiro Conto foi um dos muitos livros que descobri nas minhas visitas a outros blogs literários e que, provavelmente, nunca leria se não os visitasse.

Devo dizer que fiquei completamente surpreendida com este livro! Tive todos os "sintomas" de quando leio um livro que adoro: o número de páginas parecia que voava; era-me muito difícil arranjar um ponto para parar de ler, mas também quando o fazia, continuava embrenhada na história e quando faltavam poucas páginas para acabar, o meu desejo era que simplesmente não acabasse tão cedo.

O Décimo Terceiro Conto, não só pela escrita cativante, como também pelo enredo absorvente e o seu ambiente sombrio, prendeu-me desde a primeira página. Porém, penso que o que me fez realmente adorar o livro foram as personagens.

Margaret Lea era uma bibliófila e portanto, foi fácil identificar-me com ela desde o início. Ainda assim, não foi só esse facto que me fez gostar dela. Durante o livro, vamos saltando do presente para o passado, do passado para o presente. O passado consiste na narração de Vida Winter sobre a sua infância e adolescência. O presente, no momento em que ela a conta e Margaret a vai registando, para depois escrever a biografia de Vida Winter, que lhe fora incubida pela mesma. No entanto, Margaret não se vai limitar a registar a história que Vida lhe conta, até porque esta, até à data, contava sempre uma história diferente sobre a sua infância nas entrevistas e desta forma, não se sabia a verdade sobre os primeiros tempos da escritora, porque não havia nenhum registo de Vida Winter antes de se tornar numa romancista. Margaret vai então investigando provas que confirmem a história que lhe conta e faz um pouco o papel de detective, revelando ser bastante perspicaz. Gostei muito desta personagem, até porque ela também vai revelar ser possuidora de uma história peculiar que eu achei muito bém construída e adequada ao ambiente sombrio do livro.

Vida Winter é sem dúvida, uma mulher enigmática. Gostei logo de como relatava a sua infância através de um discurso onde a escolha das palavas não era feita ao acaso. Achei-a um personagem muito credível, com um carácter sereno, mas imponente, que me conseguiu prender a atenção desde que escreveu a carta a pedir os serviços de Margaret Lea. Com todo o mistério à volta dela, era como se me tivesse lançado uma teia da qual só me consegui desprender quando acabei o livro.

Como único ponto negativo, apenas aponto o facto de ter sentido falta, no final, de mais algumas explicações que me permitiriam perceber melhor a reviravolta que aconteceu no final, porque estava à espera que tivesse sido melhor descrita. Ainda assim, não sei bem se posso apontá-lo como um ponto negativo, porque não sei se seria próprio de Vida Winter deixar o leitor completamente elucidado sobre a sua vida, sem que houvesse ainda algum mistério de roda dela.

O Décimo Terceiro Conto é um livro fantástico cuja leitura me deu um enorme prazer de ler e que recomendo vivamente. Um autêntico exemplo de um livro que não largamos até saber o seu desenlace.

Classificação: 9 /10

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A Alma Trocada, de Rosa Lobato de Faria

Sinopse: É um lugar comum dizer-se que determinada orientação sexual não é uma escolha, porque, se fosse, ninguém escolheria o caminho mais difícil. Foi esse caminho mais difícil que Teófilo teve de percorrer, desde a incompatibilidade com os pais, aos desencontros dentro de si próprio, chegando mesmo a acreditar que alguém lhe tinha trocado a alma...

A Minha Opinião: Após ter lido A Trança de Inês, um livro da autora que simplesmente adorei, tinha expectativas elevadas em relação a este, não porque a temática me chamasse particularmente a atenção, mas porque já tinha saudades da belíssima expressão escrita de Rosa Lobato de Faria.


Pela segunda vez, apaixonei-me pela prosa da autora. Alguma parte da acção do livro passa-se no Alentejo e devo dizer que a descrição daquele local era maravilhosa, tão credível e tão real, tão chamativa. E a forma como o livro está escrito faz simplesmente com que o leitor se escape da sua mente e entre dentro da cabeça da personagem principal, Téo, sem quase se aperceber.

No entanto, (talvez um pouco pelas expectativas que tinha) o próprio enredo não me chamou tanto a atenção. Houve, certamente, momentos interessantes e personagens com as quais simpatizei, como a avó Jacinta, mas nada de muito memorável se o comparar com A Trança de Inês.

Não deixa de ser um bom livro. Apesar de ter sido em algumas partes demasiado mundano, devido a certos acontecimentos que, a meu ver, não trouxeram nada de novo ao livro, a mensagem durante o mesmo era belíssima: "a alma é indivisível e una, a alma é tua, Teófilo. Tens que aprender a viver com ela".

A Alma Trocada não me causou a mesma impressão que A Trança de Inês, mas continua a ser um livro que prima pela expressão escrita e o problema com que lida (que não me parece ser exclusivamente a homossexualidade, mas sim o sentirmo-nos bem com o que somos e aceitarmo-nos).

Gostei. Rosa Lobato de Faria é uma autora que vou ler brevemente e que aconselho vivamente.

Classificação: 8/10 (Muito Bom)