sexta-feira, 12 de agosto de 2011

As Virgens de Vivaldi, de Barbara Quick

Sinopse: As Virgens de Vivaldi traz-nos a Veneza barroca, esplendorosa e decadente de inícios de Setecentos, la Serenissima, num fresco luminoso e negro de uma sociedade marcada pela festividade exuberante do espírito carnavalesco e pelo peso castrador de uma mentalidade arreigadamente puritana. É a Veneza de Antonio Vivaldi, dos grandes génios e das obras-primas musicais, da riqueza cultural, das festas em opulentos ambientes palacianos, mas também do medo, da opressão, do Grande Inquisidor e de todos aqueles que a sociedade ostraciza. e é através do olhar de anna Maria - uma das jovens acolhidas pelo Ospedale della Pietá, virtuosa do violino e aluna predilecta do grande maestro Vivaldi - que podemos observar esse fresco, que ficamos a conhecer a sua fascinante história de vida, o quotidiano dentro das paredes do Ospedale, as intrigas da Veneza do século XVIII e um pouco do legado musical e da vida do próprio Vivaldi.

A minha opinião: As Virgens de Vivaldi conta-nos a história de Anna Maria dal Violin, a conhecida rapariga do Ospedalle della Pietá a quem o seu professor, Vivaldi, dedicou várias obras dado o seu virtuosismo ao tocar violino.

A nível histórico, este livro foi uma agradável surpresa, pois não conhecia o Ospedalle della Pietá, uma instituição que acolhia bebés enjeitados. Foi muito interessante ter uma ideia de como se organizava e o porquê do seu sucesso em criar jovens músicas, pois a maioria das figli di coro (raparigas que revelavam ter talento musical) permanecia lá toda a sua vida e não eram poucas as vezes que se apresentavam em concertos, visto pertencerem a uma escola de música bem famosa na altura, onde o Padre Vermelho foi professor. Curioso que Vivaldi não aparece como uma personagem muito central neste livro, ainda que, a meu ver, a autora conseguiu transmitir de forma subtil as características principais que lhe são atribuídas e alguns aspectos da sua biografia, como o caso da misteriosa cantora Anna Giraud. Parece de facto que Vivaldi, Anna Maria e la Serenissima revivem nas páginas deste livro.

A forma como o leitor conhece a historia de Anna Maria dal Violin é outro ponto positivo. Primeiro, temos as cartas que Anna Maria escreveu para a mãe enquanto jovem, com a esperança de que esta as lesse algum dia. Mas estas cartas relatam apenas um pouco da sua vida, pelo que são intercaladas pela voz de uma Anna Maria mais velha que revela o resto dos acontecimentos da sua juventude com outros olhos.

Ainda assim, houve algumas coisas que me decepcionaram neste livro. A maior preocupação de Anna Maria era encontrar a sua mãe e muita da acção do livro desenrola-se à volta dessa demanda. Mesmo para leitores pouco perspicazes, parece-me que, salvo algumas reviravoltas, tudo é bastante previsível. Acima de tudo, não foi um livro memorável. Apesar de uma escrita floreada e bastante agradável de se ler, não conseguiu, infelizmente, estabelecer comigo uma grande ligação.

Classificação: 6/10 (Bom, mas deixa a desejar)

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