sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sputnik, Meu Amor, de Haruki Murakami

Sinopse: O gelo é frio e as rosas são vermelhas. Estou apaixonada. E este amor vai decerto arrastar-me para longe. A corrente é demasiado forte, não tenho escolha possível. Mas já não posso voltar atrás. Só posso deixar-me ir com a maré. Mesmo que comece a arder, mesmo que desapareça para sempre.

A Minha Opinião : Parti com enormes expectativas para este romance. A capa, o autor, o próprio título, tudo me fazia crer que estava perante um livro que iria adorar. Porém, na primeira página, Murakami deitou por terra tudo aquilo que eu pensava que Sputnik, Meu amor iria ser e ainda assim, não descansei até acabá-lo.

Nunca imaginaria que numa altura tão aterefada um livro pudesse envolver-me da maneira que este o fez. Nunca pensaria que, durante uma semana, um livro pudesse teimar tanto em abandonar a minha cabeça. A verdade é que foi exactamente o que aconteceu.

A história vai se tornando cada vez mais intrigante à medida que prosseguimos a leitura. No início, somos apresentados a uma personagem muito peculiar e lunática com a qual simpatizei desde a primeira página, Sumire. Apesar da história girar à sua volta, o livro é narrado na primeira pessoa por um professor de primária, grande amigo desta, que se encontra apaixonado por ela. Seria de esperar que Sumire também estivesse apaixonada por ele, mas não. Com 22 anos, Sumire apaixona-se pela primeira vez na vida por uma mulher casada, Miu.

À primeira vista, o enredo pode parecer banal. No entanto, garanto-vos que não o é. Murakami pegou no conceito de um triângulo amoroso e levou-o para um nível completamente superior, pois com uns toques surreais, transformou uma simples história aparentemente real numa história fascinante, que corta a respiração aos leitores pelas maravilhosas passagens que têm o privilégio de ler.

Digo isto, porque, de facto, o toque surreal de Murakami ajuda para se gostar do livro, mas é preciso uma escrita maravilhosa que faça justiça a um bom enredo. À semelhança do que constatei em A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol, a escrita é muito fluida e rica, pois muitas passagens têm metáforas belíssimas e as frases soam simplemente melodiosas. Inúmeras páginas do meu livro têm os seus cantos dobrados por ter encontrado parágrafos profundos que me fizeram parar antes de continuar a ler.

O único ponto negativo que posso apontar é o facto de que, ao contrário do outro romance, a história não tem tanto o carácter oriental de que estava à espera, pois uma parte da acção passa-se na Grécia. Talvez por isso tenha sentido que estava um pouco abaixo do outro romance.

Fora isto, adorei o livro. A história é belíssima e cativante. O facto de ter um toque que passa as barreiras do mundo real foi algo único que me fez escapar deste mundo por instantes.


Classificação : 9/10