sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O Despertar da Magia, de George R. R. Martin

Sinopse: A guerra pelos Sete Reinos continua e a batalha pela capital de Porto Real é a mais sanguinária de sempre. A frota de Stannis Baratheon vê-se encurralada em frente à cidade enquanto barcos carregados de fogovivo são enviados contra ela. Mas os sobreviventes conseguem levar o combate até às muralhas da cidade e todos os sitiados terão de lutar pela vida. Só quando os exércitos dos Tywin e dos Tyrell chegam, um dos lados será definitivamente esmagado. Mas num mundo de traições constantes, quem será que eles irão apoiar?
No Norte, os Stark estão entre a espada e a parede. Várias das suas fortalezas são atacados pelos temíveis homens de ferro e até o castelo de Winterfell é conquistado pelo traidor Theon Greyjoy. Bran e Rickon conseguem fugir, acompanhados por Hodor e alguns companheiros, mas que futuro terão duas crianças numa terra ameaçada pelo Inverno?
Para lá da Muralha, Jon oferece-se para acompanhar um grupo de batedores enviado para encontrar os selvagens, enquanto a principal força da Patrulha da Noite se fortifica junto às montanhas. Mas as coisas correm mal e Jon terá de escolher entre a morte... ou a traição aos seus irmãos!


A minha opinião: Mais um excelente volume das Crónicas do Gelo e do Fogo. Confesso que não correspondeu de todo às minhas expectativas iniciais, pois pensei que este volume iria seguir um certo rumo. No entanto, George R. R. Martin seguiu outro completamente diferente e ainda bem.

A história continua excelente.
A acção prendeu-me muito mais neste volume do que no anterior, as personagens (não só as principais como as secundárias) continuaram a surpreender-me e a qualidade das suas histórias manteve-se.

Além disso, a meu ver, o género (medieval?) fantasioso de Martin ainda melhorou, pela presença de mais elementos de fantasia, o que foi fabuloso. Precisamente por esse "despertar" da magia
- ela sempre esteve lá, mas só agora foi revelado um pouco da mesma - adorei este livro. Apenas fiquei desiludida com a parte da batalha propriamente dita, a descrição não me prendeu especialmente, à excepção de algumas passagens.

E por último, porque falar em Martin sem falar das suas maravilhosas personagens seria estranho nas minhas opiniões, vou começar por Jon. A par de Arya, estas duas são as minhas personagens preferidas. Neste volume em particular, a história de Jon foi a que mais gostei e pelo aquilo que li, estou extremamente curiosa para saber como se vai comportar no exército de Mance Ryder.

Arya. Identifico-me tanto com esta personagem! Nestes 3º e 4º volumes, a sua evolução foi enorme, a história dela tem tanto potencial e foi das que mais gostei de acompanhar ao longo da saga. Não sei o que vai acontecer, mas espero que continue a agarrar-me tanto como tem agarrado.

Tyrion. Perdoem-me, mas fiquei um pouco desiludida pois estava à espera que morresse na batalha. Ainda assim, nestes dois volumes teve um papel fulcral e o seu futuro intriga-me.

Bran. As
minhas opiniões sobre esta personagem têm variado ao longo dos livros. Depois de estar aleijado confesso que perdi algum interesse, mas parece-me que agora vai ser uma personagem muito mais interessante . A partir de agora, a história dos lobos intriga-me ainda mais. Adorei quando eles apareceram no início do primeiro volume e senti logo aí que eram únicos, mas neste momento, parece-me que são ainda mais especiais.

Daenerys. Uma das personagens que mais gostei no 1º e 2º volumes, mas agora sinto que não foi tão desenvolvida como estava à espera. Espero que no próximo livro me surpreenda pela positiva.

Enfim, como podem reparar, estou muito entusiasmada com o rumo desta saga e com um enorme interesse em descobrir o significado de tantas pontas soltas deixadas por George R. R. Martin neste livro. Esta saga é mais do que aconselhada.

Classificação: 8/10 - Muito Bom

[As partes a branco contêm spoilers]

domingo, 22 de agosto de 2010

A Fúria dos Reis, de George R. R. Martin

Sinopse: Quando um cometa vermelho surge nos céus de Westeros encontra os Sete Reinos em plena guerra civil. Os combates estendem-se pelas terras fluviais e os grandes exércitos dos Stark e dos Lannister preparam-se para o derradeiro embate.
No seu domínio insular, Stannis, irmão do falecido Rei Robert, luta por construir um exército que suporte a sua reivindicação ao trono e alia-se a uma misteriosa religião vinda do oriente. Mas não é o único, pois o seu irmão mais novo também se proclama rei, suportado por uma hoste que reúne quase todas as forças do sul. Para pior as coisas, nas Ilhas de Ferro, os Greyjoy planeiam a vingança contra aqueles que os humilharam dez anos atrás.
O Trono de Ferro é ocupado pelo caprichoso filho de Robert, Joffrey, mas quem de facto governa é a sua cruel e maquiavélica mãe. Com a afluência de refugiados e um fornecimento insuficiente de mantimentos, a cidade transformou-se num lugar perigoso, e a Corte aguarda com medo o momento em que os dois irmãos do falecido rei avancem contra ela. Mas quando finalmente o fazem, não é contra a cidade que investem...
O que os Sete Reinos não sabem é que nada disto se compara ao derradeiro perigo que se avizinha: no distante Leste, os dragões crescem em poder, e não faltará muito para que cheguem com fogo e morte!



A minha opinião: Apenas quero deixar uma breve nota sobre este volume, pois vou agora mesmo começar O Despertar da Magia.

Achei que n' A Fúria dos Reis, o desenrolar dos acontecimentos se deu duma forma mais lenta. No entanto, como esta é a primeira metade do segundo volume original, é natural que a segunda tenha mais acção e rebente (quase) tudo o que foi preparado na primeira.

Ainda assim, o ritmo foi mais do que suficiente para me manter interessada, principalmente porque, para contrabalançar, notei que houve um grande desenvolvimento das personagens. (Não que eu pense que não o houve nos livros anteriores, mas como o ritmo da acção abrandou, houve espaço para as conhecer melhor). Por vezes, eram mais estas do que a própria história que me intrigavam e me deixavam curiosa pelas novas facetas que via nelas. Neste aspecto, as personagens que mais me prenderam foram Tyrion, Arya e Jon. Tyrion por sentir que finalmente o estamos a conhecer realmente (aquele duende só é pequeno na altura!), Arya porque ainda me intriga o que irá ser dela e Jon, enfim, porque sempre senti um carinho por esta personagem.

Mais uma vez, adorei o facto de cada capítulo ser dedicado a uma personagem. Isso fazia com que a acção se tornasse muito mais apelativa, até porque era difícil não querer espreitar o capítulo seguinte da personagem específica para ver o que lhe acontecia daquela vez.

A julgar por esta primeira metade, parece-me que a continuação irá ser espectacular.

[Porei a classificação quando acabar O Despertar da Magia]

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Dolores, de Jacqueline Susann

Sinopse: Era a mulher mais bela do mundo. Por amor ou por dinheiro, ela faria tudo. Fosse o que fosse. Primeira dama dos Estados Unidos! Era a mulher do Presidente e a mulher mais bela do mundo! A bala traiçoeira que assassinou o marido e a atirou para a viuvez, de um golpe tudo lhe roubou. Vestida de negro, arrastou por anos o fardo da sua tragédia e o peso do mito em que se transformara: a América fizera dela a sua princesa! Mas a solidão oprimia-a, e quando, por dinheiro, o homem que a amava a preteriu por amor da riqueza, ela não hesitou: aceitou a proposta de Erick, o grosseiro barão que lhe punha nas mãos uma das maiores fortunas do mundo. Libertara-se do mito, mas só depois viria a verificar que não vencera a solidão. Num romance tão vivo e conseguido como todos os que assinou, desde "O Vale das Bonecas" até "Uma Vez não Basta", Jacqueline Susann relata, com mão de mestre, uma história onde parecem reviver personagens e acontecimentos de que todos estão lembrados.

A minha opinião: Depois de ter lido da autora O Vale das Bonecas (reeditado pela Contraponto há pouco tempo) e ter simplesmente adorado, será difícil ler outro livro dela de que goste tanto.


A verdade é que se eu estivesse viva na altura em que estes romances foram publicados não gostaria deles, pois consideraria as histórias um pouco mundanas de mais, como considero agora muitos romances que por aí se escrevem. No entanto, passados agora 40 anos da sua publicação, as histórias tendo lugar nos anos 60 / 70, é essa mesma mundanalidade que me atrai, pois subitamente já não estou no século XXI, mas sim na América dos anos 60. Parece que, de repente, estou dentro de um filme dessa época.


Em Dolores, é-nos retratada a vida de Dolores, uma vida inspirada na de Jacqueline Kennedy. Tinha uma ideia do que significava Jacqueline para o povo americano. No entanto, desconhecia muitos pormenores da vida dela que subtilmente também faziam parte da vida de Dolores.


Na realidade, estava receosa para ler este livro e apenas o li porque era de Jacqueline Susann. A história tem vários dos ingredientes habituais de Jacqueline. Ainda assim, parece que estão em bruto e apesar de ter sido o seu último livro, denota uma qualidade inferior aos seus precedentes. No entanto, as páginas finais marcaram-me e mudaram ligeiramente a impressão que tive ao longo do livro.


Classificação: 5/10 - Razoável

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Duas Irmãs, Um Rei, de Philippa Gregory

Sinopse: Duas Irmãs, Um Rei apresenta uma mulher com uma determinação e um desejo extraordinários que viveu no coração da corte mais excitante e gloriosa da Europa e que sobreviveu ao seguir o seu próprio coração. Quando Maria Bolena, uma rapariga inocente de catorze anos, vai para a corte, chama a atenção de Henrique VIII. Deslumbrada com o rei, Maria Bolena apaixona-se por ele e pelo seu papel crescente como rainha não oficial. Contudo, rapidamente se apercebe de que não passa de um peão nas jogadas ambiciosas da sua própria família. À medida que o interesse do rei começa a desvanecer-se, ela vê-se forçada a afastar-se e dar lugar à sua melhor amiga e rival: a sua irmã, Ana. Então Maria sabe que tem de desafiar a sua família e o seu rei, e abraçar o seu destino. Uma história rica e cativante de amor, sexo, ambição e intriga.

A Minha Opinião:
As expectativas para este livro eram bastante elevadas, não só por ter gostado muito de Catarina de Aragão, A Princesa Determinada como também por ter adorado o filme quando o vi. Em Duas Irmãs, Um Rei, acompanhamos o caso das irmãs Bolena. Por um lado, Maria, a mais nova, uma alma generosa e obediente que se envolve com o rei por ser obrigada pela sua família e por outro, Ana, a mais velha, uma rapariga ambiciosa que não olha a meios para atingir os seus fins e que, por astúcia, acabará por casar com Henrique VIII. Gostei bastante de como Philippa Gregory retratou o percurso de vida de Ana Bolena e a sua influência no processo de distanciamento da Inglaterra da Igreja.

Como o título original (The Other Boleyn Girl) indica, a história é-nos contada não por Ana Bolena, como seria de esperar, mas pela outra rapariga Bolena, Maria, sua irmã. Achei uma ideia muito original por parte da autora, pois quando se fala desta altura fala-se principalmente de Ana Bolena.


Philippa Gregory é, de facto, talhada para escrever romances históricos. Por muito que sejamos conhecedores da época e dos acontecimentos relatados, a autora consegue dar-nos diferentes perspectivas dos mesmos, o que faz com que tenhamos uma ideia mais exacta/menos parcial daquilo que aconteceu e, ao fazê-lo, consegue agarrar-nos ao livro de uma maneira excelente.
Um excelente incentivo para continuar a ler a série de livros que tem sobre os Tudor.

Pelos dois livros que li dela, nota-se que nos dá uma perspectiva bem feminina dos acontecimentos relatados e estas têm personalidades fortes. Não sei se isto acontece na maioria dos seus livros, mas é algo que eu valorizo muito, pois dá-me assim a possibilidade de encarnar a personagem de uma forma quase real.


Ainda que, obviamente, o livro tenha um rigoroso fundo histórico, a autora conjuga os acontecimentos históricos com pormenores da sua autoria de uma forma perfeitamente credível, o que resulta numa história muito interessante.


Apesar das suas 600 páginas, este livro lê-se num instante para todos aqueles que, como eu, queiram mergulhar no mundo de Henrique VIII, percorrer os aposentos reais e ficar surpreendidos com tudo o que por lá poderá ter acontecido. A partir do momento em que estamos imersos no seu mundo, é difícil abandoná-lo.


Classificação: 9/10 - Excelente

domingo, 15 de agosto de 2010

Crime na Mesopotâmia, de Agatha Christie

Sinopse: Amy Leatheran é uma jovem enfermeira encarregada de acompanhar o casal Kelsey na sua viagem para Bagdadde. Finda a tarefa para a qual fora contratada, Amy prepara o seu regresso a Londres quando é inesperadamente contratada pelo Dr. Leidner, um arqueólogo de renome, para dar assistencia à mulher, Louise. De facto, Louise é uma pessoa extremamente nervosa e sofre de súbitos e incontroláveis ataques de pânico. No cenário longínquo de uma escavação arqueológica nas margens do rio Tigre, Amy conquista o afecto e a confiança de Louise, que lhe faz confidênciass sobre o seu passado e chama a atenção para os estranhos acontecimentos que ocorrem no acampamento e cuja origem é unanimemente atribuída aos seus próprios problemas nervosos. Mas depressa se torna óbvio que as suas suspeitas estavam correctas. E quando a tensão atinge o seu auge eis que surge o inigualável Hercule Poirot, numa oportuna viagem pela Mesopotâmia. Por entre um labirinto de segredos e mentiras, Poirot parece, desta vez, ter chegado tarde de mais.

A Minha Opinião: Enfim, Agatha Christie é Agatha Christie. É incrível a sua capacidade de nos surpreender mesmo que durante todo o livro estivessemos a fazer o papel de detectives.

O crime, desta vez, é cometido numa expedição arqueológica. Desde cedo gostei do cenário escolhido por Agatha Christie, assim como da voz da narradora, a enfermeira Amy Leatheran.

As personagens, como habitual, eram muito interessantes, especialmente Mrs. Leidner e atmosfera criada era incrivelmente arrepiante (okay, eu sou suspeita, gosto de ler estes livros numa altura um pouco tardia, portanto à partida tudo seria arrepiante, mas eu achei que sim).


Penso que, a nível de mistério, este foi igualmente espantoso ao do Crime no Expresso do Oriente e o desfecho igualmente surpreendente.


Duzentas páginas recheadas de mistério, cenário e personagens magníficos, bem ao estilo de Agatha Christie, impossíveis de largar até à junção de todas as peças do puzzle.

Classificação: 8/10 - Muito Bom

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

The Beach House, de Jane Green

Sinopse: One summer a group of strangers - each with their own reasons for wanting to step out of their busy lives - meet at a rented beach house in sunny Nantucket, owned by the mischievous and free-spirited Nan. There's Daniel, who's causing heartbreak for his wife Bee; recently divorced Daff, who feels she's lost touch with her daughter Jess; and Michael - Nan's son - who is having an ill-advised fling with his boss. With so many lost souls gathered under one roof, very soon there are tears and laugher, friendship and - for some - even love. Each one of them is hoping for a new beginning. But will any of them find it?

A minha opinião: Se não fossem as circunstâncias, eu nunca leria The Beach House. No entanto, estive num apart-hotel onde deixaram vários livros, e apesar deste não me ter suscitado especial interesse, achei que uma leitura de praia não iria ser má ideia e sempre praticaria o meu inglês.


The Beach House foi, sem dúvida, uma leitura de praia. Não posso dizer que tenha sido propriamente má, afinal de contas, manteve-me interessada e às vezes surpreendia-me, mas
a acção assemelhava-se totalmente à de uma história de novela/ filme de sábado à tarde. Simplesmente não é um género que me atraia, porém, reconheço que depois de ter lido efectivamente uma leitura mais soft, percebo o porquê de várias pessoas gostarem da mesma.
Apenas tenho a pontar que face a um começo bem desenvolvido, senti que o final foi apressado.

Não vale a pena alongar-me muito mais, até porque não sou de todo o público-alvo. Para o propósito - entreter e praticar o inglês - serviu. De certa forma é bom para desanuviar, pois a minha próxima leitura vai ser bem mais exigente.

Classificação: 5/10 - Razoável

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Catarina de Aragão - A Princesa Determinada, de Philippa Gregory

Sinopse: Catarina de Aragão nasce Catarina, Infanta da Espanha, de pais que eram reis e cruzados. Aos três anos, foi prometida ao príncipe Artur, filho herdeiro de Henrique VII de Inglaterra, e é educada para ser Princesa de Gales. Sabe que o seu destino é reinar sobre aquela terra distante, húmida e fria. A sua fé é posta à prova quando o futuro sogro a recebe no seu novo país com uma grande afronta; Artur parece ser pouco mais do que uma criança; a comida é estranha e os costumes vulgares. Lentamente, adapta-se à sua primeira corte Tudor, e a vida como mulher de Artur vai-se tornando mais suportável. Inesperadamente, neste casamento arranjado começa a nascer um amor terno e apaixonado. Mas, quando o jovem Artur morre, ela tem que construir o seu próprio futuro: como pode ser agora Rainha da Inglaterra e fundar uma dinastia? Só casando com o irmão mais novo de Artur, o alegre, mas mimado, Henrique. O pai e a avó de Henrique são contra; os poderosos progenitores de Catarina revelam-se de pouca utilidade. No entanto, Catarina é filha de sua mãe e o espírito lutador é indomável. Fará qualquer coisa para alcançar o seu objectivo; mesmo que tal implique contar a maior das mentiras, e mantê-la.

A Minha opinião: Escusado será dizer que as opiniões sobre os livros desta autora são mais do que boas e que eu, uma incondicional fã de história, estaria mais do que curiosa para ler os mesmos. A conselho da Papillon, decidi visitar os Tudors e mal posso esperar por regressar.

A figura central deste livro é Catarina de Aragão, a filha mais nova dos reis Católicos. A sua vida é-nos contada maravilhosamente por Philippa Gregory. Vemos primeiro Catarina como a Infanta de Espanha, de seguida, a sua vida quando chega a Inglaterra, os seus esforços para adaptar-se, o seu casamento, a sua viuvez, a ambição para alcançar o trono ao qual estava destinada e finalmente, quando se torna Catarina de Aragão, Rainha de Inglaterra. Acompanhamos assim o seu crescimento enquanto pessoa e as suas facetas de estrangeira, mulher e finalmente, governante.


Alternando entre um narrador ausente e um presente, temos a oportunidade de ver os acontecimentos tal como se passaram, mas também tudo aquilo que Catarina poderia ter pensado ou sentido quando estes tiveram lugar. Desta forma, tal como foi Catarina, somos surpreendidos por algumas acções de certas personagens, enquanto ficamos desiludidos com outras, pois estamos de tal forma absorvidos no desenrolar dos acontecimentos, que pensamos com ela.
Philippa Gregory consegue assim transportar-nos perfeitamente para o cenário da época.

A meu ver, o livro só peca no final. Após termos seguido toda a vida de Catarina com tanto pormenor, fiquei com pena que não a tenhamos seguido até ao seu fim. No entanto, este é o único defeito que posso apontar.
Mais uma vez, é muito interessante perceber que, ainda que na sombra, grandes mulheres conseguiram muito mais do que lhes seria, à partida, permitido. Catarina de Aragão fez justiça ao seu nome, como filha de uma das mais importantes mulheres do seu tempo, Isabel, a Católica.

Classificação: 8/10 - Muito Bom

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Trança de Inês, de Rosa Lobato de Faria

Sinopse: "Assim as mulheres passam umas às outras a sua teia ancestral de seduções, subentendidos, receitas que hão-de prender os homens pela gula, a luxúria, a preguiça e todos os pecados capitais, é por isso que elas nunca querem os santos, os que não se deixam tentar, os que resistem à mesa, à indolência, à cama, à feitiçaria dos temperos, ao sortilégio das carícias, à bruxaria das intrigas." Baseado no mito de Pedro e Inês (mais na lenda do que na História), um romance sobre a intemporalidade da paixão, onde se abordam também alguns mistérios da existência. Um romance que, se não dá nenhuma resposta, coloca ao leitor algumas inquietantes questões. Rosa Lobato de Faria, "Prémio Máxima de Literatura" com o seu romance anterior, O Prenúncio das Águas, confirma aqui, uma vez mais, o seu notável talento de escritora.

A Minha Opinião: Ao contrário da maioria dos livros que leio, este não era um livro que quisesse ler há muito tempo. O interesse surgiu numa conversa com a minha professora de português sobre a importância da expressão escrita face ao desenrolar da acção/ história. Acabou por aconselhar-me Rosa Lobato de Faria, não só pela sua belíssima prosa poética, mas também porque eu devia ler mais autores lusófonos, o que, como já devem ter reparado, é bem verdade.


Foi-me bastante difícil escolher o livro da autora pelo qual começar. Os títulos apelavam-me todos, mas acabei por escolher A Trança de Inês, um pouco pela minha curiosidade em saber como abordaria Rosa Lobato de Faria esta célebre história de amor.


Ainda que pequeno, o livro é maravilhoso. A sensação com que ficamos ao acabar de lê-lo é de puro fascínio pela qualidade da escrita do que acabamos de ler, pela beleza da história, pela forma como somos imersos nos pensamentos e no universo do protagonista, Pedro.
Quaisquer preconceitos ou receios que tivéssemos à partida, desvanecem-se. A história lê-se muito bem, pois a abordagem feita pela autora ao romance de Pedro e Inês é magnífica. O livro absorve-nos desde o início até ao final e mesmo assim, a minha vontade ao acabar de lê-lo era recomeçar. Somos simplesmente presos por este romance que rompe a ténue linha que separa passado, presente e futuro.

Este é um dos poucos livros em que se pode abrir uma página ao acaso e ler algo esplêndido.
Quando o acabei, percebi que me tinha preenchido por completo. Eu poder-vos-ia falar sobre este livro durante horas, mas descubram por vocês próprios. Surpreendam-se. Eu, sem dúvida, surpreendi-me.

Classificação: 10/10 - Magnifique

sábado, 7 de agosto de 2010

O Enigma Vivaldi, de Peter Harris

Sinopse: António Vivaldi figura incontestavelmente entre os nomes que mais contribuíram para o património musical da Humanidade... Génio compositor, dotado de uma inesgotável invenção rítmica e temática, fascinou os seus contemporâneos, cujo estilo e originalidade rapidamente adoptaram e imitaram, e decorridas gerações continua a impressionar especialistas e curiosos. Mas há muito da vida de Vivaldi que permanece desprovido de certezas, envolto em mistério, à espera que alguém ouse descobrir o que outros se esforçaram por ocultar... Para Lucio Torres, um jovem promissor violinista espanhol, a estada em Veneza, a pretexto de umas Jornadas Musicais, é o concretizar de um sonho, uma vez que sempre desejara conhecer a cidade onde o seu ídolo Vivaldi nasceu e passou grande parte da sua vida. Um dia, nos arquivos do Ospedale della Pietà, instituição onde Vivaldi exerceu como professor, Lucio descobre por acaso uma partitura que tudo indica ser do mestre. No entanto, logo se apercebe que algo está errado: a sucessão de notas viola todas as leis da harmonia musical e é associada à música do diabo, proibida pela Igreja. O músico não pode acreditar que tal monstruosidade possa ter sido composta por Vivaldi...- a não ser que se trate de uma mensagem em código. Juntamente com Maria, uma jovem por quem se apaixonou, Lucio tenta decifrá-la e assim desvendar o enigma Vivaldi, um segredo que remonta ao início do Cristianismo e que poderá deitar por terra um dos princípios fundamentais em que este assenta. Só que tão grave informação interessa a mais gente, gente disposta a tudo, inclusive a matar... Articulando com sabedoria elementos culturais, históricos e fictícios, Peter Harris criou um thriller cativante que nos envolve na Veneza do século XVIII e de hoje, uma cidade inebriante pelo encanto dos seus canais, ruas, monumentos e do seu clima propício ao romance, num vórtice tão intrincado e exuberante como a música barroca que percorre as páginas deste livro que fez furor em Espanha e alcançou o estatuto de bestseller em pouco tempo.

A Minha opinião:
O livro pareceu-me promissor quando o vi na banca da Presença, pelo que decidi comprá-lo, visto não só a sinopse me ter parecido aliciante, como também Veneza e Vivaldi serem dois ingredientes do meu agrado.


O enredo era, de facto, interessante. Gostei bastante das personagens e o enigma conseguiu prender-me. No entanto, com pena minha, não me arrebatou. Ainda que o género thriller não seja dos meus preferidos, penso que faltou algo para passar do simplesmente interessante ao de cortar a respiração. No entanto, surpreendi-me com alguns acontecimentos, assim como gostei bastante de detalhes fornecidos pelo autor em relação ao governo Veneziano, a Sereníssima e concretamente à cidade de Veneza. Somos perfeitamente transportados por Peter Harris a esta cidade.

Desta forma, recomendo-o, pois proporcionou-me boas horas de leitura. Se por um lado faltou algo na parte do thriller, por outro, a parte histórica surpreendeu-me e o desenrolar da acção era cativante.


Classificação: 7/10 - Bom